segunda-feira, 20 de setembro de 2010

SILÊNCIO

É tão vasto o silêncio da noite na montanha. É tão despovoado. Tenta-se em vão trabalhar para não ouvi-lo, pensar depressa para disfarçá-lo. Ou inventar um programa, frágil ponto que mal nos liga ao subitamente improvável dia de amanhã. Como ultrapassar essa paz que nos espreita. Silêncio tão grande que o desespero tem pudor. Montanhas tão altas que o desespero tem pudor. Os ouvidos se afiam, a cabeça se inclina, o corpo todo escuta: nenhum rumor. Nenhum galo. Como estar ao alcance dessa profunda meditação do silêncio. Desse silêncio sem lembranças de palavras. Se és morte, como te alcançar.
É um silêncio que não dorme: é insone: imóvel mas insone; e sem fantasmas. É terrível - sem nenhum fantasma. Inútil querer povoá-lo com a possibilidade de uma porta que se abra rangendo, de uma cortina que se abra e diga alguma coisa. Ele é vazio e sem promessa. Se ao menos houvesse o vento. Vento é ira, ira é a vida. Ou neve. Que é muda mas deixa rastro - tudo embranquece, as crianças riem, os passos rangem e marcam. Há uma continuidade que é a vida. Mas este silêncio não deixa provas. Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. Não se pode dizer a ninguém como se diria da neve: sentiu o silêncio desta noite? Quem ouviu não diz.
 A noite desce com suas pequenas alegrias de quem acende lâmpadas com o cansaço que tanto justifica o dia. As crianças de Berna adormecem, fecham-se as últimas portas. As ruas brilham nas pedras do chão e brilham já vazias. E afinal apagam-se as luzes as mais distantes.
 Mas este primeiro silêncio ainda não é o silêncio. Que se espere, pois as folhas das árvores ainda se ajeitarão melhor, algum passo tardio talvez se ouça com esperança pelas escadas.
 Mas há um momento em que do corpo descansado se ergue o espírito atento, e da terra a lua alta. Então ele, o silêncio, aparece.
 O coração bate ao reconhecê-lo.
 Pode-se depressa pensar no dia que passou. Ou nos amigos que passaram e para sempre se perderam. Mas é inútil esquivar-se: há o silêncio. Mesmo o sofrimento pior, o da amizade perdida, é apenas fuga. Pois se no começo o silêncio parece aguardar uma resposta - como ardemos por ser chamados a responder - cedo se descobre que de ti ele nada exige, talvez apenas o teu silêncio. Quantas horas se perdem na escuridão supondo que o silêncio te julga - como esperamos em vão por ser julgados pelo Deus. Surgem as justificações, trágicas justificações forjadas, humildes desculpas até a indignidade. Tão suave é para o ser humano enfim mostrar sua indignidade e ser perdoado com a justificativa de que se é um ser humano humilhado de nascença.
 Até que se descobre - nem a sua indignidade ele quer. Ele é o silêncio.
 Pode-se tentar enganá-lo também. Deixa-se como por acaso o livro de cabeceira cair no chão. Mas, horror - o livro cai dentro do silêncio e se perde na muda e parada voragem deste. E se um pássaro enlouquecido cantasse? Esperança inútil. O canto apenas atravessaria como uma leve flauta o silêncio.
 Então, se há coragem, não se luta mais. Entra-se nele, vai-se com ele, nós os únicos fantasmas de uma noite em Berna. Que se entre. Que não se espere o resto da escuridão diante dele, só ele próprio. Será como se estivéssemos num navio tão descomunalmente enorme que ignorássemos estar num navio. E este singrasse tão largamente que ignorássemos estar indo. Mais do que isso um homem não pode. Viver na orla da morte e das estrelas é vibração mais tensa do que as veias podem suportar. Não há sequer um filho de astro e de mulher como intermediário piedoso. O coração tem que se apresentar diante do nada sozinho e sozinho bater alto nas trevas. Só se sente nos ouvidos o próprio coração. Quando este se apresenta todo nu, nem é comunicação, é submissão. Pois nós não fomos feitos senão para o pequeno silêncio.
 Se não há coragem, que não se entre. Que se espere o resto da escuridão diante do silêncio, só os pés molhados pela espuma de algo que se espraia de dentro de nós. Que se espere. Um insolúvel pelo outro. Um ao lado do outro, duas coisas que não se vêem na escuridão. Que se espere. Não o fim do silêncio mas o auxílio bendito de um terceiro elemento, a luz da aurora.
 Depois nunca mais se esquece. Inútil até fugir para outra cidade. Pois quando menos se espera pode-se reconhecê-lo - de repente. Ao atravessar a rua no meio das buzinas dos carros. Entre uma gargalhada fantasmagórica e outra. Depois de uma palavra dita. Às vezes no próprio coração da palavra. Os ouvidos se assombram, o olhar se esgazeia - ei-lo. E dessa vez ele é fantasma.

                                                                                        
                                                                                              CLARICE  LISPECTOR

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A SABEDORIA QUE SÓ SE CONQUISTA AOS 2ANOS DE IDADE

Tem um cara muito louco que mora aqui em casa comigo e com a minha mulher. Ele tem 2 anos de idade e diz pra todo mundo por aí que é meu filho apesar de que somos absolutamente idênticos. Ele está sempre feliz. Muito feliz. Extremamente feliz. Tanto que resolvi adotar seus hábitos e comportamentos. Segue a lista que preparei e que pretendo seguir com disciplina e rigor para ser muito mais feliz em 2008.

1. Sempre que possível, corra peladão pela casa gritando: “Tô peladão! Ebaaaaa!”

2. Nunca perca a chance de dar um beijinho ou um abraço em alguém que estiver ali, dando sopa.

3. Não tenha medo de puxar conversa com alguém interessante. Aponte para o céu e diga: “Óia! um avião grande!”. Siga conversando naturalmente.

4. Tire uma soneca depois do almoço onde quer que esteja. (Lembrete: menos ao volante).

5. Desenhe no box do banheiro enevoado pelo vapor. Ao concluir cada desenho ou mesmo apenas deixar a palma de sua mão impressa diga: “Ebaaaaaa!”

6. Vire mais cambalhotas. Um mínimo de 3 por semana. Diga: “Ebaaaa!” antes e depois de cada evolução.

7. Pule na cama. Mas não muito perto da beirada. Diga repetidamente”Ebaaa-ebaaaaa-ebaaa!”

8. Minta deslavadamente. Mas nunca em causa própria.

9. Convide todo mundo pra tudo: “Vâmo deitá no chão pessoal?”, “Vâmo tomá suco, pessoal?!”, “Vâmo naná, pessoal?”

10. Acorde bem cedo e berrando à plenos pulmões. Só pare quando alguém vier te abraçar.

11. Tenha medo da sua comida.

12. Acredite nas versões alternativas. Por exemplo: que um trovão pode perfeitamente ser o pum de um elefante voador gigante.

13. Diga “obrigado” e “por favor” sempre, mesmo que fora de contexto.

14. Use o MSN Messenger ou Skype para fazer uma videoconferência com seus avós, durante a qual, dance, corra, vire cambalhotas e identifique interessantes partes do seu corpo como o nariz e a bunda.

15. Mostre o seu pé para as visitas. Olhe de forma atenta e não sem curiosidade para a extremidade e comente: “Ó…o pé.” Depois de alguns segundos de silêncio respeitoso sugira que a visita mostre o pé dela pra você.

16. Convide sua mãe pra passear quando ela menos espera.

17. Encontre as formas ocultas nas coisas: uma torrada que parece um coração, um guardanapo dobrado que parece um pato ou uma luva que parece um cavalo. Diga “Ebaaaa!” sempre que isso acontecer.

18. Quando fizer uma gracinha que todo mundo gosta, repita.

19. Chore rápido e esqueça porque chorou mais rápido ainda.

20. Sinta orgulho das coisas que consegue fazer sozinho mas nunca sinta vergonha de pedir ajuda pra quem você ama.

21. “Ebaaaaaaaa!”








                                                         RODRIGO LEÃO
                                                                                        

24 COISAS QUE VOCÊ NAÕ PODE MORRER SEM SABER

01 - O nome completo do Pato Donald é Donald Fauntleroy Duck.
02 - Em 1997, as linhas aéreas americanas economizaram US$ 40.000 eliminando uma azeitona de cada salada.
03 - Uma girafa pode limpar suas próprias orelhas com a língua.
04 - Milhões de árvores no mundo são plantadas acidentalmente por esquilos que enterram nozes e não lembram onde eles as esconderam.
05 - Comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter acordado.
06 - As formigas se espreguiçam pela manhã quando acordam.
07 - As escovas de dente azuis são mais usadas que as vermelhas.
08 - O porco é o único animal que se queima com o sol além do homem.
09 - Ninguém consegue lamber o próprio cotovelo, é impossível tocá-lo com a própria língua.
10 - Só um alimento não se deteriora: o mel.
11 - Os golfinhos dormem com um olho aberto.
12 - Um terço de todo o sorvete vendido no mundo é de baunilha.
13 - As unhas da mão crescem aproximadamente quatro vezes mais rápido que as unhas do pé.
14 - O olho do avestruz é maior do que seu cérebro.
15 - Os destros vivem, em média, nove anos mais que os canhotos.
16 - O "quack" de um pato não produz eco, e ninguém sabe porquê.
17 - O músculo mais potente do corpo humano é a língua. 
18 - É impossível espirrar com os olhos abertos.
19 - "J" é a única letra que não aparece na tabela periódica.
20 - Uma gota de óleo torna 25 litros de água imprópria para o consumo.
21 - Os chimpanzés e os golfinhos são os únicos animais capazes de se reconhecer na frente de um espelho.
22 - Rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite.
23 - 40% dos telespectadores do Jornal Nacional dão boa-noite ao William Bonner no final.
24 - Aproximadamente 70 % das pessoas que lêem este email, tentam lamber o cotovelo.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

PORQUE TE AMO

Por que te amo? Por que não há explicação! Por que te amo? 
Por que amar é uma doce sensação! Por que te amo?
 Por que nasci por amor e vivo por amor,
 e quando eu morrer, morrerei feliz por ter...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

SAUDADE

Tantas palavras bailam em minha mente,
tanta coisa para se dizer, tanto sentimento!
Meu coração bate ansioso por uma palavra sua,
Meu corpo sonha com um toque seu,
meus ouvidos atentos as suas palavras,
seus olhos que penetram em minh’alma,
descobrindo os meus mais íntimos segredos, desejos que se escondem em cada poro,
E em cada um deles uma poesia.
E todo esse momento está presente
em cada segundo de meu dia,
E meu pensamento corre em busca de palavras apenas para exprimir um só sentimento,
que aperta o meu peito, me consome.
Apenas consigo dizer e sentir :
S A U D A D E
Abra-te Sésamo:
Te fiz um poema e escondi em 40 poros de minha pele,
de modo que brinquem seus dedos por
muito tempo de Ali Babá.

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BOTOẼS DE ROSAS





Colham botões de rosas enquanto podem,
O velho Tempo continua voando:E essa mesma flor que hoje lhes sorri,
Amanhã estará expirando.
O glorioso sol, lume do céu,Quanto mais alto eleva-se a brilhar,Mais cedo encerrará sua jornada,E mais perto estará de se apagar.Melhor idade não há que a primeira,Quando a juventude e o sangue pulsam quentes;Mas quando passa, piores são os temposQue se sucedem e se arrastam inclementes.Por isso, sem recato, usem o tempo,E enquanto podem, vivam a festejar,Pois depois de haver perdido os áureos anos,Terão o tempo inteiro para repousar.








autor desconhecido





A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste